quarta-feira, 23 de março de 2011

Resenha de Livro: A Morte do Cozinheiro - Allan Pitz

Gosto quando consigo escrever bobagens criativas, fazer uma bagunça coerente com as palavras. É o mais perto que eu consigo chegar da poesia, impedido que sou de desfrutar de lê-la ou escrevê-la debaixo desse meu manto de preconceito contra as palavras soltas, dessa barraca de lógica emocional e organização textual que armei pra mim mesmo e que só eu consigo entender como foi montada - quando consigo.
A resenha que fiz para o livro de Allan Pitz no skoob é dessas coisas que me orgulham bastante, pelo menos enquanto eu não achar tempo pra começar a contradizê-la. Divirtam-se!


Uma rajada de palavras!

Detesto Clarice Lispector.
Não entendo nem me apaixono por seus escritos, não a acho engraçada ou divertida, não me comovem seus joguinhos de palavras e o vai-e-vêm emocional de suas estórias, e não acho palatável seu sucesso póstumo.
Não me pergunte o porquê, nem se isso vai durar para sempre. O fato é que, no exato momento em que escrevo esta resenha, detesto Clarice Lispector.
Comecei a ler A Morte do Cozinheiro já imaginando se Allan Pitz não seria mais outro escritor metido a ser uma continuação do que foi Clarice Lispector, e, de fato, o início do livro me passou essa impressão.
Sorte que foi só o início...
Acontece que, diferente do pouco que li de Clarice, o pouco que li de Allan Pitz passa longe da enrolação e do vai-e-vêm.
O auto-proclamado PhD em Patavinas – título que talvez lhe seja merecido, mas cuja autenticidade acredito que só poderei comprovar ao vivo – é uma máquina verborrágica. Ora, e Clarice também não o é? Decerto sim, pelo pouco que li de Clarice. A diferença talvez seja que Clarice Lispector me lembre uma guerrilha de palavras, indecisa, confusa, enrolada, imprevisível, demorada, irritante, tal e qual só uma guerrilha consegue ser, ao passo que Allan Pitz, guardadas as devidas proporções, me soa como um verdadeiro bombardeio, intenso, rápido, sem prisioneiros.
E A Morte do Cozinheiro é bem isso mesmo, um bombardeio de auto-comiserações, paranóias, ciumeira danada, amor-próprio ferido, tudo regado a enganos e engôdos, encantos e desencantos, certezas e “talvêzes”, resultando em planos, tramas e crime, em uma estorinha curta e grossa, meio centímetro de livro, que vai ou racha, explode na mão de quem lê, vai tudo pelos ares, e tá pouco se lixando.
Não. Pelo pouco que li da metralhadora Allan Pitz, rajada de palavras, que atira e mata direto, para o bem ou para o mal, ela é bem diferente da bomba de fumaça Clarice Lispector, que também li pouco, e só não li mais porque além de não ter me matado, a danada deixou-me cego, fez-me tossir e causou-me profunda irritação.
E como prefiro a morte imediata à tortura, recomendo A Morte do Cozinheiro. Ao molho pardo!

2 comentários:

  1. amei a resenha, me deu mais vontade ainda de ler o livro. abraço. Dana - http://food4spirit.blogspot.com/

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  2. Mas barbaridade tchê...um conterrâneo...Parabéns pela resenha, a elaboração das palavras ficou ótima, e oq ue é bom, chama a atenção. No entanto estou com um problema nesse livro, li muitos comentários e alguns não gostaram, outros não mostraram tanta motivação que nesse momento me fazem decidir, que somente eu lendo para descobrir, se vou amar ou desistir.

    Adorei o blog....beijokas elis!!!
    P.S: Li a resenha do Danilo Literatura de Cabeça sobre seu livro. Parabéns pelo lançamento, e nem acredito que alguém criou um exterminador de vampiros...te mais!!!!

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